Opinião: febre de nostalgia adoece a essência do cinema

Wonka e a Nostalgia nos filmes

Nostalgia nos filmes

Com uma série de novas produções cinematográficas baseadas em antigas versões de filmes e séries de Hollywood, vemos um público que está cada vez mais entretido pela nostalgia e não pela originalidade e isso se torna preocupante quando se olha o ângulo da criatividade, não só no cinema, mas nas produções artísticas modernas.

Nostalgia nos personagens de Ficção (Foto:Reprodução)

Anunciada uma nova versão cinematográfica do personagem Willy Wonka, as pessoas de três gerações diferentes se convergem com opiniões próprias. A primeira é mais nostálgica pois nutrem imenso carinho pelo primeiro filme, a segunda é orgulhosa por causa da construção histórica do segundo filme, já a terceira (atual) é influenciada pelas anteriores mas pode ter um péssimo desfecho ao se considerar a qualidade de uma historia já tanto abordada.

O que mudou ?

Nostalgia em filmes como Jumanji (Foto:Reprodução)

Uma nova versão de “Jumanji” em 2017 renova completamente o mundo criado no filme de mesmo nome no ano de 1995 e conquista novos fãs. E esse formato se repete em filmes como “Nasce Uma Estrela” que pode não ser tão conhecido a até mesmo “Homem Aranha” que adquiriu um universo fictício próprio para essas reformulações.

Não é recente a fórmula de recriar uma trama para os tempos atuais, tem ocorrido desde “007-– Contra o satânico Dr. No ” de 1962 até “007 – Sem Tempo Para Morrer” dos tempos mais modernos de 2021, valendo ressaltar que houveram 7 atores diferentes interpretando o mesmo personagem da famosa franquia.

A questão se torna querida a partir do momento que se sabe que o fã verá o seu personagem favorito uma outra vez, entretanto se alguém visse os filmes do pânico sempre com mortes parecidas ou um roteiro repetido não demoraria para que a audiência caísse.

O que se entende das versões anteriormente citadas é que pelo motivo de constantemente se propor a reconstruir uma história, o público está fadado a lidar com incongruências em que a versão atual quebra a construção anterior sem muita lógica e os filmes atuais só ganham um bom destaque quando conseguem seguir o legado construído do filme anterior. Logo não se valoriza o produto original que não teve uma franquia do passado.

Nostalgia nos muitos filmes de 007 (Foto: Dropcultura)

O momento da cinematografia na verdade, está se tornando esse na medida em que o espectador vê as diferentes caras, dentro das repetidas historias, que as vezes nem superam as anteriores e em mesmo tempo que são obras sem muita credibilidade em comparação com a produção antológica, ganham muito dinheiro por causa da admiração daquele fã por seu filme. Esse mesmo fã se torna desacostumado a investir em novos conteúdos.

A tendência da nostalgia é aumentar

Saindo dos livros para os cinemas e dos cinemas para as séries o caminho tem se tornado cada vez mais viável não só para o audiovisual, uma vez que, nos games a situação tem se tornado a mesma pelo motivo do avanço tecnológico e as novas dinâmicas que isso trás.

O mesmo se aplica ao ramo musical, como se vê legados antigos da música ganhando novas interpretações e composições alternativas, tendo por exemplo o relançamento do álbum “Admirável Chip Novo” da Pitty, cantado por outros artistas e com leves diferenças da obra anterior de 2003.

Aprofundando mais a questão da nostalgia no cinema do Brasil, temos continuações de décadas com o retorno de “O Auto da Compadecida” e ” Ó paí ó” em suas segundas versões para o cinema onde a proposta é reanimar o cinema nacional segundo o ator Selton Mello, intérprete do personagem Chicó.

No ramo das novelas também há remakes como “Pantanal” (De 1990 para 2022) e a recém estreia de “Elas por Elas” ( De 1982 para 2023) que provoca o mesmo sentimento da nostalgia nos telespectadores.

Nesta quinta feira  (05 de outubro de 2023) em entrevista ao “Mais Você” da Ana Maria Braga, o galã das novelas Cauã Reymond falou sobre a forma repetitiva das novelas em separar os casais em alguma parte da trama e demonstrou o desejo em ver um casal das novelas lidar com todos os problemas juntos e isso nos leva a um último tópico.

Para o amante do cinema esse conteúdo vai saturar?

No momento atual vemos o impacto dessas produções em que as bilheterias passam do milhão por retratar memórias icônicas do passado de todos que entram nas salas do cinema, recentemente, a Mattel anunciou um universo cinematográfico de seus produtos e brinquedos como Hot Wheels e Poly Pocket que em breve se tornaram filmes.

Toda essa iniciativa vem dos arrebatadores sucessos de adaptação como foi em Barbie com cerca de US$ 3,4 milhões globalmente. Isso sem falar em outras estreias de 2023 como o “Super Mario Bros”, que só intensificam como conteúdos nostálgicos fisgam o público.  

A novidade de franquias vindo das modalidades dos jogos e séries tem uma inspiração clara de universos cinematográficos de HQ’s, tanto da Marvel quanto da DC, que inovaram nos anos 2000. Ainda assim, é importante valorizar as essências do cinema e da busca pela originalidade, coisas das quais o consumidor não criou apego mas igualmente pode explorar as mesmas paixões que se acha em produções passadas e renovadas. Investir no novo é inovar e melhorar a indústria do cinema.

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