Gabe Brandão: “Geral do Povo”, ainda bem, volta com a baixaria na televisão

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Na noite deste domingo (14), Geraldo Luís voltou para o domingo da televisão brasileira. Ele estava afastado dele desde 2019, quando foi escorraçado do horário por conta do baixo ibope.

O ponto é: Geraldo voltou e com tudo. Quer dizer, tudo aquilo que a RedeTV! pode oferecer – o que não é muito. Existem muitos pontos a serem destacados que transformariam esse texto numa dissertação de TCC, mas tentarei ser breve.

CENÁRIO E ASSISTENTES DE PALCO

O cenário, simples e bonito, me lembra o “Programa do Jacaré“, apresentado na TV Diário e na RedeTV!, no início dos anos 2000. Tudo lembra algo da televisão dos anos 80, em algum aspecto. Referencias, essas, esclarecidas por Geraldo por serem bastante sutis.

O estúdio, que deve ser menor que uma quitinete na Grande São Paulo, possui uma banda, uma assistente de palco, anões e quatro “Geraldetes”. Lembra férias de julho na casa de praia de uma tia distante – um verdadeiro caos.

Confesso que fiquei surpreso da banda ter chegado ao fim do programa viva, tendo em vista o espaço pequeno que eles estavam. Um claustrofóbicos teria gritado bastante naquele espaço.

Os assistentes de palco são apaixonantes. Um “Tarzan Magrelo“, interpretado por um Hulk Magrelo, o que se torna fascinante a profissão de um homem ser apenas magro e feio.

Geraldo gosta de anões. Portanto, Marlene Mattos liberou a carteira e contratou sete anões. E uma branca de neve, que não é branca. Esses anões ficaram escondidos num canto em que tinha uma banheira – felizmente, nenhum se afogou.

As “Geraldetes” e a assistente de palco, Miss Amazonas, são interessantes. Não é possível que as quatro moças que dançam não conseguissem ajudá-lo em algumas questões. Se elas dançam, elas também falam – e já ajudariam bastante.

MARLENE MATTOS E O PRIMOR TÉCNICO

Marlene Mattos, conhecida pela sua jornada com Xuxa, é a diretora do programa. Conhecida por um temperamento dócil, pero no mucho, foi mencionada várias vezes pelo apresentador – que insistia dirigir a diretora.

Se o cenário era padrão RedeTV!, a parte técnica também era. A luz apagou nos estúdios mais de uma vez. Na segunda vez, até afetaram o som dos comerciais.

A escolha da plateia também foi impecável: escolheram as pessoas mais desanimadas do país. Os gritos e aplausos eram mais artificiais do que deveria ser.

Conhecendo o temperamento já repassado sobre Marlene, se não ocorrer um homicídio na RedeTV! hoje, é porque a terapia tem dado certo.

CONTEÚDO

Isso é ouro na televisão brasileira. Tivemos diversos momentos icônicos que, infelizmente, quase ninguém viu – tendo em vista que o programa deu menos de um ponto de ibope na Grande São Paulo.

A esposa do Arlindo Cruz revelou que seu marido gozou na fralda enquanto eles conversavam sobre sexo. O quão real isso pode ser? Não sei, só sei que isso foi dito na televisão antes das 20h. Apenas a RedeTV! tem esse poder.

Apagou luz, Márcia Fu surgiu da plateia e cantou “Escrito nas Estrelas” pela vigésima vez, apagou luz de novo, começa piseiro e ele ressuscita algo brilhante.

Geraldo Luís teve a brilhante ideia de voltar com a “Banheira do Gugu”, o que eu acho surreal – não o conteúdo, mas de ter uma jacuzzi na RedeTV! para isso. Geraldo Luís entrou na banheira com um short ridículo do Bob Esponja, que ajuda a entreter.

O ponto, sobre isso tudo, é que o apresentador está fazendo a televisão que acredita. Tudo bem que ela tem baixaria, choro e coisas inúteis? Sim. Mas, misturado, isso tudo pode dar certo.

Se deu para o Gugu, Faustão e Chacrinha, porque não pode para Geraldo? Tudo bem que estamos num Brasil diferente, mas estamos vivendo numa nostalgia intensa. Lula é o Presidente, o dólar tá baixo e “Escrito nas Estrelas”, de 1985, está em alta. Porque isso tudo não ficaria em alta também?

Geraldo e Marlene não tem nada a perder. O fracasso é certo e a ousadia também. Se eles não derem audiência, pelo menos, eles fazem história – e, nisso, os dois estão acostumados.

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