Na manhã desta quinta-feira, cerca de 300 manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e da Frente Povo Sem Medo ocuparam pacificamente o saguão da sede do Banco Itaú BBA, na emblemática Avenida Brigadeiro Faria Lima, na Zona Oeste paulistana. A reivindicação central foi a taxação dos “super‑ricos” e a chamada por uma reforma tributária mais justa.
O protesto teve início por volta das 9h30 (horário de Brasília) e durou cerca de duas horas, com ações terminando por volta das 11h30. Os ativistas exibiram faixas com mensagens como “O povo não vai pagar a conta”, “Chega de mamata” e “Taxação dos super‑ricos já!”, exigindo também a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês.
A escolha do edifício, avaliado em aproximadamente R$ 1,5 bilhão e considerado o mais caro do país, passou a simbolizar os privilégios fiscais que, segundo os manifestantes, beneficiam grandes fortunas em detrimento das camadas mais vulneráveis da população.
A Frente Povo Sem Medo afirmou que a ocupação foi “uma denúncia clara: os donos do Itaú […] pagam menos imposto que a maioria esmagadora do nosso povo, que luta para pagar aluguel e comer”.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, a ação ocorreu de forma pacífica e sem registros de violência. A polícia militar foi acionada e reforçou o policiamento no local.
Contexto político
O ato também faz parte de uma mobilização mais ampla. Recentemente houve queda de um decreto que aumentaria a alíquota do IOF, partindo de uma disputa entre o Governo Lula e o Congresso Nacional. O presidente da República enviou uma proposta de reforma tributária ao Congresso, que prevê tanto a taxação dos mais ricos quanto a isenção de IR para faixas populares, mas o texto ainda aguarda votações.
As imagens da invasão geraram reações acaloradas no debate político. Figuras da oposição compararam o evento a episódios como o 8 de janeiro, classificando-o como “balbúrdia” e “terrorismo político” – palavras usadas por Eduardo Pazuello (PL‑RJ) e Gustavo Gayer (PL‑GO), além do ex-secretário Fábio Wajngarten que cobrou ações legais imediatas.
Por outro lado, representantes da base governista, como os deputados Henrique Vieira e Chico Alencar (PSOL‑RJ), deram apoio ao protesto, destacando a insatisfação de trabalhadores com a manutenção de privilégios a bilionários enquanto o povo arca com a maior parte dos impostos.
Novas mobilizações
O MTST e a Frente Povo Sem Medo anunciaram que a mobilização não ficará restrita ao Itaú. Uma nova manifestação está marcada para 10 de julho, na Avenida Paulista, com foco em pressionar o Congresso a aprovar a reforma.