Chegou em alguns cinemas brasileiros na última quinta-feira (3) o Último Dia de Yitzhak Rabin (2015), filme que retrata sobre o assassinato do ex-primeiro-ministro israelense e vencedor do Nobel da Paz, Yitzhak Rabin (1922 – 1995). O thriller político é do cineasta israelense Amos Gitai, o cineasta mescla cenas documentais e fictícias, mostrando o quão difícil e assustador é a relação entre árabes e israelenses no Oriente Médio, com uma assustadora visão do início de uma guerra que infelizmente ainda se desenrola e ganhou destaque nas últimas semanas.
Leia mais:
No dia 4 de novembro de 1995, Yitzhak Rabin deu um discurso para 100 mil pessoas em Tel Aviv, Rabin que atuava como primeiro-ministro era um pacifista que um ano antes receberá o prêmio Nobel da Paz ao lado do líder palestino Yasser Arafat, ambos assinaram o Acordo de Oslo, que se tornou uma das maiores ações políticas da época que vislumbrava um tempo de paz na relação entre Israel e Palestina.
Após o discurso Rabin foi baleado três vezes pelo estudante Yigal Amir, extremista que era contrário à aproximação dos dois povos, esse atendo só reforçou a gravidade da violência no interior de algumas comunidades religiosas dentro de Israel também demostrou o radicalismo político que dividiu o país, entre esquerda e direita, dividindo a sociedade em relação à convivência com o povo palestino.
Falha de Segurança
O filme reforça desde o início a importância e coragem de Rabin, mostrando trechos de uma entrevista de Shimon Peres, que era na época ministro dos Negócios Estrangeiros e posteriormente foi presidente de Israel entre os anos de 2007 e 2014. O filme mostra bastante sobre os grupos religiosos que eram contrários ao governo de Rabin, e há todo um questionamento em relação a se houve ou não uma falha de segurança proposital em torno do assassinato do ex-primeiro-ministro, ao mesmo tempo que implicam a todo momento que os grupos extremistas eram perigosos e buscavam uma forma de tomar o poder, incluindo o atual primeiro-ministro e líder da oposição Benjamin Netanyahu.
Com cenas que se alternam entre documentário e ficção, o diretor costura imagens jornalísticas e filmes de arquivos recriando cenas de depoimentos a uma comissão especial criada com o objetivo de apurar se houve falhas de segurança durante o evento em que Rabin discursou antes do assassinato, afinal a morte de Rabin causou uma enorme perda para o processo de paz em Israel.
Politica interna de Israel
Gitai está interessado em mostrar ao público mais sobre o modo de agir da extrema-direita e dos ortodoxos de Israel, seus pensamentos e como agem para conseguir tomar as terras palestinas progressivamente. O filme busca contar mais sobre a politica externa de Israel em um tempo que ainda havia chances de conseguirem um acordo de paz, demonstrando a todo momento como a radicalização de grupos se tornou um verdadeiro mal para a sociedade israelense e principalmente para a convivência com o povo palestino.
Rabin se torna uma figura presente no filme, tudo gira em torno dele, seja em sua morte, na investigação ou até mesmo no que se mostra de seus opositores. As cenas iniciais com a câmera entrando no carro com os personagens após o ataque são bem conduzidas, investigações, entrevistas a todos que estavam relacionados, então há cenas do assassino e de grupos extremistas, até Rabin ter seu momento de fala com gravações do ex-ministro sendo colocadas nos minutos finais de filme.
O Último Dia de Yitzhak Rabin é uma boa maneira para entender mais sobre o conflito Israel x Palestina, mas não se pode confundi-lo como um filme sobre a vida do ex-primeiro-ministro e talvez isso seja um pouco prejudicial para a narrativa do longa que se torna um pouco cansativo em suas 2h36min.
Último Dia de Yitzhak Rabin
Último Dia de Yitzhak RabinDescubra mais sobre Portal Trend
Assine para receber os posts mais recentes por e-mail.
