Este texto contém spoiler de “Bagagem de Risco”, uma série disponível na Netflix.
Em meio à avalanche de romances natalinos, a Netflix aposta em Bagagem de Risco, um thriller de ação dirigido por Jaume Collet-Serra e com roteiro de Michael Green, conhecido no mundo dos games. Com um orçamento de 47 milhões de reais, o filme mistura suspense e drama em um cenário incomum: um aeroporto americano na véspera de Natal.
O enredo
A trama segue Ethan Kopek (Taron Egerton), um agente da TSA preso em uma carreira sem perspectivas. Nora (Sofia Carson), sua namorada grávida, insiste para que ele tente novamente ingressar na Academia de Polícia. Mesmo assim, Ethan decide assumir um turno extra no raio-X do aeroporto de Los Angeles.
O que parecia um turno comum se transforma em um caos. Um vilão misterioso (Jason Bateman) ameaça a vida de Nora por meio de um fone de ouvido. Ele exige que Ethan permita a passagem de uma bagagem com uma bioarma mortal. O agente precisa decidir entre salvar centenas de vidas ou proteger a futura mãe de seu filho. Infelizmente, É uma pena que a química entre o casal faz qualquer decisão parecer irrelevante.
Com isso, o filme tenta justificar seu orçamento milionário com uma direção eficiente e algumas cenas tensas. Porém, o primeiro ato é arrastado, com explicações que poderiam ser mais dinâmicas.
O maior problema: a premissa
O roteiro se sustenta na ideia de que uma bioarma pode ser contrabandeada por um aeroporto americano. Esse conceito, considerando os protocolos rigorosos de segurança pós-11 de setembro, soa absurdo. A TSA, famosa por barrar até garrafas de água, derrepente passa a achar “ok” deixar um bioarma passar desapercebido. É mais cômico do que tensa.
Collet-Serra, experiente no gênero como em “O Passageiro”, entrega cenas de ação bem dirigidas, mas não salva o filme dos tropeços do roteiro. Os buracos na história, os diálogos artificiais e momentos inverossímeis dificultam o engajamento. Em várias cenas, Ethan conversa sozinho como se gravasse um podcast, sem chamar a atenção de ninguém ao redor.
Com quase duas horas de duração, o longa tenta compensar suas falhas com um vilão carismático e uma estética visual bem trabalhada. No entanto, o enredo forçado e a falta de emoção tornam Bagagem de Risco mais um clichê do suspense disfarçado de novidade.
Por fim, o filme pode até entreter no Natal, mas apenas se você desligar o senso crítico e aceitar as coincidências que movem a segurança aeroportuária.