Gabe Brandão: se vai o Senor, se fica o Silvio

Imagem: Divulgação

Daqui a alguns anos, um dos tópicos de mesa de bar vai ser: onde você soube da morte de Silvio Santos? O meu foi ao acordar. Eu tinha me planejado para dormir até tarde e, quando acordei, me planejando dormir de novo, olhei o celular. Sou informado que Silvio morreu.

Acordei e fui direto para a televisão. Começo a assistir a homenagem incrédulo. É difícil acreditar que estou vivendo esse momento. Todos nós, amantes ou não de comunicação, conseguimos admitir a louvável história do dono do SBT.

Do camelô ao bilionário, do empresário ao pai de família. Todas as suas vertentes são admiráveis a sua época. Tem problemáticas e controvérsias assim como qualquer lenda. Faz parte da figura mitológica.

Mas não acredito na morte de Silvio Santos. Não gostaria de reforçar nenhuma teoria da conspiração, longe disso. Mas é que figuras como Silvio Santos nunca morrem.

Senor Abravanel se foi, isso é verdade. O pai das filhas que ele enumerava na televisão, o esposo amoroso que adorava seus cachorros, a avô do talentoso Tiago Abravanel. Esse deixou a vida para viver ao lado de seus ancestrais.

Agora, Silvio Santos continua aqui. Silvio está vivo nas coisas que construiu na comunicação. Não há um game show conduzido no Brasil sem sua referência, a maneira carinhosa de se dirigir a plateia ou a irreverência explícita na arte de se comunicar.

Enquanto estamos vivos nos outros, estamos vivos para todos.

Silvio Santos segue vivo em Eliana, Sérgio Malandro, Maísa, Celso Portiolli e todos em que ele descobriu ao longo de sua carreira. Em figuras como Roque, Liminha, Lombardi, Luis Ricardo e outras figuras que se misturam com a história de Silvio e da comunicação brasileira.

Segue vivo em seus familiares que perpetuam no meio artístico. Na sua filha Cíntia através dos teatros, em que prestigiou na sua carreira; no seu neto Tiago, que lota teatros com musicais; e nas filhas Patrícia, Renata e Silvia que comandam programas de diversos segmentos.

Permanece vivo no SBT, em que construiu do jeito que um artista construiria um empreendimento no entretenimento: com ousadia, diversão e informação. Isso nem precisa ser conspiratório para dizer.

A mesma emissora exibiu o Programa Silvio Santos enquanto todos os canais exibiam a votação do Impeachment de Dilma Rousseff foi a mesma que, enquanto todas exibiam a notícia do falecimento de Silvio Santos, mostrava um episódio de Scooby-Doo.

Silvio vive enquanto a televisão existir. Silvio vive enquanto houver um brasileiro se comunicando para alguém. Silvio vive enquanto viver a esperança dentro de um brasileiro. Senor, por favor, descanse para que Silvio viva na eternidade.


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