Crítica: “Drag Race Brasil” tem falhas, mas é importante

Imagem: Divulgação

Este conteúdo possui spoiler da 1ª temporada de Drag Race Brasil disponível no Paramount+ e exibido pela MTV.

A primeira temporada de “Drag Race Brasil“, produzida pela Paramount+, chegou ao fim nessa quarta-feira (15).Organzza foi a grande vitoriosa da primeira edição do formato no Brasil.

O formato, implementado no Brasil este ano, teve seus defeitos e acertos apresentados ao longo da jornada. Um dos principais pontos foi representar a beasilidade em muitos aspectos.

Outro grande ponto a se considerar foi o casting. Era nítido ver o quanto aquelas personagens gostariam da coroa. Um destaque, entre as participantes, para Shannon Skarlet, Naza e Miranda Lebrão que, entre as participantes, demonstraram uma maior personalidade forte ao longo da jornada.

Uma grande surpresa do formato foi a sua apresentadora, Grag Queen. Sua escolha se deu graças a sua vitória no reality musical “Queens of the Universe“, produzido pela Rupaul – criadora do formato “Drag Race“. O anúncio da sua escolha gerou polêmicas e comentários negativos. Mas, na apresentação, ela se mostra fofa, rígida e imponente.

Além disso, Grag consegue criar bordões sem parecerem forçados e trás um aspecto de liderança bastante forte. Antes de assistir, se imagina qualquer pessoa apresentando, menos ela. Após assistir, você não consegue pensar em outra pessoa tão bem para o programa que não seja ela.

Comentei anteriormente sobre a brasilidade, mas o destaque nas roupas das drags e na adoção dos desafios merecem ser melhor destacados. Tristan Soledad e Organzza trouxeram raízes e identidades regionais para a passarela – enquanto Betina Polaroid, Rubi Ocean e Dallas de Vil, trouxeram identidades pessoais, igualmente emblemáticas.

Baixo Orçamento

Todas as gravações aconteceram na Colômbia, como uma forma de baratear os custos. Tal postura é muito comum com projetos da Viacom e Paramount+. Certos produtos da plataforma já passaram por isso, como “A Culpa é do Cabral”, por exemplo.

Com isso, o formato acaba sendo mais “pobre” em certos aspectos.

O reencontro, clássico programa gravado após a exibição da final, no formato original, é feito para se comentar a trajetória no reality. Nesse caso, foi exibido antes da final – o que não faz sentido.

Tal conduta, feita para economizar, só serviu para mostrar o quanto o projeto era piloto. Além disso, alguns jurados convidados foram ruins, na escolha – aparentando sua escolha apenas pelo seu nome ou ligação com a comunidade LGBTQIAP+. Jurados como Kefera e Dumaresq tiveram passagens quase apagadas ao longo dos episódios que participaram.

Edição e jurados

Sobre os jurados, muitos internautas tem criticado a participação de Bruna Braga. Discordo de muitas delas. De fato, os comentários poderiam ser mais certeiros e, talvez, seu papel deve ser mais julgador – tendo em vista que Dudu Bertholini é mais técnico, pelo seu conhecimento no mundo queer. Apesar disso, a dupla se entrosou bastante com Grag Queen e fez o programa ser leve – às vezes, até demais.

Sobre a edição, em certos pontos, mal feita. Não se pode acompanhar certos raciocínios, nem possíveis atritos dentro do reality. Deu a impressão de que a edição possa ter favorecido certas participantes, com o intuito de suavizar certas falas ou intensificar certas personalidades.

Muitos episódios tinham bastante atividades, mas pouco tempo de tela para mostrar. O episódio final do reality, por exemplo, tem como prova a gravação do videoclipe. No formato original, onde já teve essa prova, mostravam os bastidores e as dificuldades das participantes. No formato feito na final, apenas mostram o clipe pronto – sendo finalizado com uma performance no palco

Além disso, teve conversa das participantes com a Grag Queen, mensagem da família, mensagem para quando eram crianças, outro reencontro com todas as participantes, passarela com todas as participantes… Tudo em um único episódio. Tais dinâmicas caberiam em diversos episódios ao longo da temporada ou em duas partes.

Lip Syncs

Agora, a questão mais polêmica, é do lip sync. Algumas péssimas escolhas de música. “Cachorrinhas”, de Luisa Sonza, é uma delas. A final ter um lip sync de “Envolver“, de Anitta, chega a ser uma blasfêmia com o formato. É claro que essas cantoras e músicas merecem seu espaço, mas não numa final ou numa decisão. É claro que também há boas escolhas, como “A Festa”, de Ivete Sangalo.

Divas nacionais como Rita Lee, Ludmilla, Pitty, Joelma, Elis Regina, Elza Soares, Beth Carvalho, Alcione, Margareth Menezes, Daniela Mercury, Gal Costa, Preta Gil, entre outras divas. É evidente que todas não cabem em uma única temporada. Mas se encaixariam melhor do que “Shine It On“, de Wanessa Camargo, num dos primeiros lip syncs, por exemplo.

Por fim…

Drag Race Brasil é um excelente reality de competição e alta costura. O formato tem tudo para contribuir para a arte drag nacional pelos próximos anos, como o formato estrangeiro.

Aquarela, Betina Polaroid, Dallas de Vil, Diva More, Hellena Malditta, Melusine Sparkle, Miranda Lebrão, Naza, Organzza, Rubi Ocean, Shannon Skarllet e Tristan Soledade estão de parabéns pela coragem de topar esse desafio.

A sua importância é maior que suas falhas que, se atentos, os produtores resolverão numa segunda temporada. Ainda há mais brasilidade para explorar e, com mais técnica e investimento, pode se tornar a principal franquia, além da original dos Estados Unidos.

Drag Race Brasil - 1° Temporada (2023)

Drag Race Brasil - 1° Temporada (2023)
4 5 0 1
4,0 rating
4/5
Total Score iMuito bom

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